Quer saber mais como foi o episódio e quais foram as impressões de todos os conflitos e seus novos problemas? Continue lendo! Aviso: o texto a seguir contém spoilers.
A Princesa e a Rainha
Muitos telespectadores de A Casa do Dragão procuram certos e errados. Em Game of Thrones, essa busca também aconteceu em todas as temporadas e, em um determinado momento, houve um lado que estava muito errado e o público adotou aquela narrativa como “verdade absoluta”. Porém, na briga entre Alicent (Olivia Cooke) e Rhaenyra (Emma D’Arcy), essa discussão é bem complicada. De um lado temos a Rainha Alicent, casada em um arranjo político feito pelo seu pai com um Rei que pouco se importa com ela. Mãe de três filhos, dois meninos (Aegon II e Aemond) e uma menina, Helaena, a rainha tenta se manter como destaque e proteger o que é dela. As motivações da Rainha não são apenas o poder de ter seu filho no trono, mas sim acreditar que a princesa, mal falada como é, será uma ameaça aos seus filhos. Do lado oposto, temos Rhaenyra Targaryen, a herdeira do trono legitimada em um ato de desespero e culpa do rei. A mulher, diferente de sua amiga da infância, apenas se casou com Laenor Velrayon (John Macmillian) por não fazer jus às propostas de outros lordes e para abafar muitas coisas: a guerra em Driftmark, a infelicidade da família mais rica de Westeros e os boatos sobre os dois. O episódio se inicia com o nascimento do terceiro filho do casal arranjado. Laenor pouco presente na vida dos filhos e da mulher, dá as caras quando o recém-nascido está no colo da mãe. O momento feliz do nascimento de mais um filho saudável não é retratado assim. Cansada, sangrando e infeliz, a Princesa é convocada a levar o filho à Rainha. Caminhando juntos, o casal leva Joffrey e o apresenta formalmente. É nessa cena delicada, mas incrível, que os roteiristas contam ao público o segredo mais importante da herdeira: seus filhos, todos os três, são bastardos de Harwin Strong (Ryan Corr). Engana-se quem pensa que é um segredo guardado ou subliminar na cena, não, Alicent confirma com todas as palavras ao recomendar que o Lorde Velaryon continue tentando até vir um filho parecido com ele. É nítido que o casamento e o passar dos anos apenas afastou cada vez mais as meninas que um dia dividiram tantos segredos. Essa necessidade de implantar os boatos sobre a legitimidade dos netos de Viserys (Paddy Considine) faz com que Alicent sempre se oponha à princesa, mantendo-se firme em suas escolhas. O boato da legitimidade das crianças é cada vez mais difundido por Alicent e Larys Strong (Matthew Needham), seu novo aliado em jogos obscuros de poder. O Lorde, conhecido por ter um pé torto, espalha e incentiva que o público tome o poder de contestar a princesa, já que Viserys voltou ao seu estado de “em cima do muro”. A amizade das duas regentes chega ao fim durante o conselho, quando Rhaenyra oferece uma proposta quase ofensiva: a mão da única filha da rainha para seu filho mais velho, Jacaerys Velaryon e um ovo de dragão ao filho mais novo da coroa. Ofendida, a Rainha promete vingança e que usará todo seu poder contra a família. Por fim, a ameça da realeza se vira contra Harwim Strong e a Mão do Rei. Graças a provocações de Sir Cole, o Guarda Real, bem famoso por protagonizar a cena do quinto episódio, arranja briga com Harwin. Sabendo que o comandante é o verdadeiro pai do dois Targaryen de cabelos escuros, provoca o cavaleiro alegando que ele apenas está no pátio de treino porque seus filhos estão lá. Após essa confusão, a Mão do Rei, sempre favorável à princesa, deixa o poder e retorna a Harrenhal, seu castelo. Será com essa brecha que Larys aproveita para bolar um incêndio e matar tanto o pai quanto o filho. Pelo bem de seus filhos e com medo da disputa, Rhaenyra parte para o lar originário dos dragões em Pedra do Dragão.
A dupla de perigosos: Larys Strong e Alicent
No quinto episódio, Larys Strong foi apresentado ao público e se tornou o primeiro aliado de Alicent após a despedida de Otto. Sabendo dos problemas, o segundo filho da Mão do Rei sempre planejou seus ataques e, finalmente, os colocou em prática. Como sabemos, Larys é responsável por espalhar boatos da princesa: tanto sobre os filhos, quanto lá no episódio 4, sobre Daemon e Rhaenyra. E como já comentamos, nesse episódio mesmo as consequências dos planos já apareceram: Larys se mostrou um dos personagens mais perigosos no jogo dos tronos. Comparado com outro personagem, tão perigoso quanto, Larys serve demais para matar a saudade do Mindinho, de Game of Thornes. A promessa é que o Lorde chamado de “O Pé-Torto” se torne cada vez mais perigoso e importante, até o início da Dança dos Dragões. O amadurecimento de Alicent também virá por meio do Lorde, que a cada episódio testará mais os limites de sua maldade e a sede pelo poder de ambos. Contando com duas mortes e algumas confusões, o único Strong sobrevivente tem o potencial de verdadeiro jogador.
Laena Velaryon e Daemon Targaryen em Pentos
Laena Velaryon teve, em todos os episódios, apenas duas cenas. A primeira, em que aos 11 anos foi apresentada ao Rei Viserys, serviu para lembrar ao público que casamento com diferença de idade é comum no universo criado por George R. R. Martin. A segunda, mais apagada, foi no casamento de Rhaenyra, conversando com Daemon. Não sabemos como a filha única dos Velaryon acaba casando-se com o príncipe renegado, tampouco como o casamento deles se deu. O que sabemos é que Laena possui duas filhas e está grávida do terceiro. Montando o dragão mais antigo da família Targaryen, Vhagar, a mulher está presa em Pentos. O porquê Daemon está lá é objetivo: sua sede por promessas, poder e elogios está vinculada com o príncipe das Cidades Livres, ofertando a ele varias posses, riquezas e muito, mas muito, poder. Apesar de pedir, Laena não consegue retornar para casa e acaba tendo um fim triste. Sem ter forças de parir seu terceiro filho, a mulher escuta o Meistre avisar ao marido sobre as possibilidades: perder o filho ou arriscar a vida dela abrindo-lhe o útero. Mesmo nova, Laena sabe com quem se casou, por isso, escolhe o final de uma montadora de dragões. Ordenando Vhagar, a mulher é incendiada até a morte. A cena mostra Daemon tentando evitar e não conseguindo, até a vermos reduzida a uma pilha de ossos em solo estrangeiro. Viúvo pela segunda vez, com duas filhas, resta a Daemon continuar sua vida, podendo ficar em Pentos ou retornar aos Sete Reinos com seus dragões. Por fim, é mostrada ao público apenas uma filha, Rhaena, e mencionado que Baela já possui um dragão próprio. Será que as duas meninas serão partes da Dança dos Dragões?
Por fim, algumas conclusões
Quando A Casa do Dragão estreou, um dos meus medos era a série nova viver de referências a Game of Thrones. Qual seria a graça de uma história nova, já contada em livros, ganhar uma produção cuidadosa para ser reduzida a referências? Nenhuma. Chegando na metade da temporada, esse sentimento havia sido suprimido por outro: a sensação de satisfação. A Casa do Dragão teve um início vinculado com seu antecessor para cativar o público, mas criou suas próprias pernas. Sua construção e, até então, desenvolvimento, é bem melhor e nos lembra da época de ouro da HBO. Por mais que nesse episódio a discussão fosse sobre a qualidade da substituição dos atores, o público recebeu um material com tanto potencial e tão bem feito que é um crime recriminar o episódio 6 ou algum dos novos “velhos” atores. Apesar de uma introdução na nova briga, deixando algumas de lado, A Casa do Dragão conseguiu conquistar seu próprio espaço. Mostrar como Rhaenyra é, ao mesmo tempo, uma boa mãe e uma futura rainha consciente, mas ainda sim uma adúltera é mostrar o lado cinzento dos personagens do criador. O mesmo acontece com Alicent, que tem sua sede de poder, mas também deseja a proteção dos filhos. Outro ponto forte da nova fase é acompanhar as crianças. Os filhos da princesa, fortes e futuros guerreiros, ainda possuem dragões, são o oposto dos filhos da rainha. Aegon II já demonstra ser mimado e babaca, enquanto Aemond é visto com olhar de pena. Helaena já foi introduzida ao público também, a filha desajustada e estranha da rainha. Serão esses filhos, jovens, o futuro da rebelião e por aqueles que a Rainha e a Princesa lutarão. Daemon, querido por alguns, odiado por muitos, também teve sua construção bem executada. De príncipe inconsequente a leal por Rhaenyra, o personagem transitou entre as facetas disponíveis e foi bem explorado. Viserys já se manteve bem fiel ao descrito nos livros: um rei imparcial, sempre visando tudo, mas não fazendo nada. O próximo episódio será importante para continuar esse caminho especial que a A Casa do Dragão nos entregou. O final está próximo e a temporada ainda conta com alguns acontecimentos importantes, como o desenvolvimento de Aemond como vilão da família e o início de um confronto direto entre os dois lados. Contudo, pela primeira vez, estou confiante que a HBO entregará em um trabalho recente tudo que foi prometido ao início. O episódio 7 de A Casa do Dragão estará disponível no domingo (2), às 22h nos canais da HBO e na plataforma de streaming HBO MAX. Veja também: Confira todos os novos atores de A Casa do Dragão e o porquê da mudança!