A técnica, chamada de preservação e ressuscitação de emergência (emergency preservation and resuscitation, ou EPR em inglês), foi aplicada em pessoas que tinham traumas agudos – como sofrer tiro de revolver ou uma facada – e tiveram uma parada cardíaca e perderam mais da metade do sangue circulante no corpo. Nessa hora, o EPR entra em ação: a pessoa fica no estado de animação suspensa ao ser resfriada a uma temperatura de 10 a 15ºC e substituem todo o seu sangue com uma solução salina resfriada. A atividade cerebral do paciente é reduzida a um nível que praticamente para e, logo em seguida, os médicos desconectam-o do sistema de resfriamento e seu corpo – que em circunstâncias normais seria classificado como morto – e é levado para a sala de cirurgia.

Animação suspensa não é mais obra de ficção científica

Na temperatura normal de nosso corpo (37º), as células precisam constantemente de oxigênio para produzirem energia. Quando o coração para de bater, o sangue não leva mais oxigênio às células e o cérebro só consegue sobreviver por um período de cinco minutos antes de ter danos irreversíveis. Daí veio a ideia da animação suspensa, pois diminuindo a temperatura do corpo e do cérebro as células necessitam de menos oxigênio, o que dá mais tempo dos médicos tratarem os ferimentos. Em circunstâncias normais, havia apenas menos de 5% das pessoas nessas condições sobreviverem. No entanto, segundo o médico Samuel Tisherman, mesmo não revelando quantos pessoas sobreviveram a essa técnica, ele diz que o resultado é um “pouco surreal”. A pesquisa de Tisherman, ainda em estágio inicial, envolve dez pessoas que passaram pela técnica de EPR, sendo comparadas com dez pessoas que passaram pelo tratamento mais tradicional, e esta foi dada para a US Food and Drug Administrations (FDA), que deu a permissão de realizar a técnica mesmo sem o consentimento dos pacientes, já que nas circunstâncias apresentadas não há outra alternativa de tratamento.

Motivações para a técnica

O interesse de Tisherman na pesquisa em traumatologia foi motivada pelo início de sua carreira, onde um jovem levou uma facada no coração. Depois desse episódio, o médico passou a investigar formas de resfriamento para estender o tempo necessário para curar seus pacientes. O estudo se iniciou em porcos com traumas agudos e os resultados foram animadores. O médico também diz que eles estão “aprendendo muito” enquanto realizam a pesquisa. Ainda não se sabe quanto tempo a pessoa pode ficar sem oxigênio nas células sem causar graves consequências, já que quanto mais tempo sem, mais danos à saúde do paciente podem ocorrer. É possível neutralizar ou minimizar esses problemas com o uso de drogas.

Experimentos anteriores

Essa não é a primeira vez que há testes de animação suspensa. Em junho de 2005, cientistas do centro de pesquisa de ressuscitação de Safar na Universidade de Pittsburgh foram bem-sucedidos em realizar o procedimento em cães, sendo que a maioria deles não sofreram nenhum tipo de dano cerebral. Mesmo com a maioria dos cães em boas condições após o experimento, alguns deles apresentaram danos na coordenação motora e problemas de retardamento mental, levando a uma preocupação dos médicos que essa técnica em humanos poderia resultar em danos cerebrais semelhantes. No ano seguinte, médicos do Hospital Geral de Massachusetts em Boston também anunciaram que conseguiram realizar a técnica de animação suspensa em porcos com solução salina resfriada. O método foi testado 200 vezes com um índice de sucesso de 90%.

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