Após um bem-recebido remake (termo para designar quando um jogo é totalmente refeito) para a geração atual dos três primeiros games de Crash, originalmente lançados para o primeiro PlayStation, chegou a vez de uma repaginação do clássico Crash Team Racing (também original do PS1), jogo de corrida com trapaças à la Mario Kart. Será que a Beenox, desenvolvedora da obra, consegue vencer a disputa entre o novo Team Sonic Racing e o já consagrado Mario Kart 8 Deluxe?

Dois (belos) Crash Team Racing em um

A proposta de Crash Team Racing Nitro-Fueled, desde o começo, foi bem clara: trazer à geração atual um jogo de karts do marsupial Bandicoot com forte apelo à nostalgia. O jogo funciona quase como um remake do Crash Team Racing, lançado em 1999 e exclusivo ao primeiro PlayStation. Adicionalmente, pistas e personagens de outro jogo da franquia, Crash Nitro Kart (este, por sua vez, multiplataforma), também foram reimaginados. Assim, a impressão que fãs de longa data terão é de estar jogando dois jogos em um. O trabalho de refazer todas as pistas do primeiro título teve seus pontos positivos e negativos. A Beenox fez um trabalho de excelência ao reimaginar a obra antiga. Agora, além das óbvias texturas em alta definição e que simulam bem os materiais que representam, os cenários são ricos e cheios de movimento. Além disso, efeitos de fumaça, fogo, explosões, água e até a transparência de algumas pistas agradam aos olhos. O resultado final é um jogo visualmente muito bonito. Contudo, para o bem ou para o mal, as comparações com seus principais concorrentes são indispensáveis — principalmente com Mario Kart, franquia da Nintendo que se mantém até hoje como o ápice do gênero. Crash Team Racing roda no PlayStation 4 (plataforma utilizada para a produção desta análise) a uma resolução full HD (1080p) (4K no PS4 Pro e no Xbox One X), contra 900p da versão de Xbox One e 720p no Nintendo Switch. A equipe de desenvolvimento, no entanto, optou por estabelecer a meta de 30 quadros por segundo em todas as plataformas. O jogo mantém um desempenho estável mesmo quando jogado no multiplayer local, sem que as sessões de jogatina sejam atrapalhadas a qualquer momento. Apesar de Team Sonic Racing ter escorregado ao tentar atingir 60 quadros por segundo no PS4 e no Xbox, com quedas constantes de desempenho, a comparação mais óbvia é com Mario Kart 8 Deluxe, que roda a invejáveis 60 quadros no Switch. Outra comparação válida com Mario Kart se refere ao design das pistas. Fidelidade é a melhor palavra para definir o trabalho da Beenox com Crash Team Racing. Ao reproduzir fielmente as pistas, a empresa acabou adaptando-as apenas à questão visual. Como ponto negativo, temos circuitos muito curtos, que, adicionados à alta dificuldade do game, frequentemente deixam a sensação de que seria possível alcançar a vitória se eles fossem mais longos. Faltou à Beenox atenção aos jogos de Mario Kart, que desde a versão para Nintendo DS (de 2005) traz pistas antigas, mas que são sempre adaptadas para que se adequem às características da nova iteração.

Aventura com karts

Assim como o CTR original, Nitro-Fueled traz um modo aventura. A trama é bem simples e apenas serve ao propósito de se ter uma desculpa para as disputas: o vilão Nitrous Oxide desafia Crash e sua turma para corridas, com a condição de que, se ele ganhar, transformará todo o planeta Terra em um grande estacionamento. O modo aventura se resume a uma área na qual o personagem escolhido anda livremente com seu kart, que interliga as competições disponíveis (disponibilizadas à medida que que o jogador vence as disputas). Ao completar todas elas, uma nova área é aberta, enquanto as corridas vencidas passam a ter desafios especiais. É preciso ficar em primeiro em cada disputa para liberar o próximo desafio. O nível de dificuldade de Crash Team Racing Nitro-Fueled é elevado, e é essencial que o jogador domine a técnica de drift, que permite que curvas sejam feitas mais rapidamente e de quebra garante um turbo ao final. Correr novamente nas mesmas pistas para cumprir os desafios especiais é uma boa forma de pegar o jeito da manobra. Eventualmente, durante a campanha, novos personagens aparecerão para lhe desafiar, ficando disponíveis quando derrotados. A cada nova aparição, haverá uma cena pré-renderizada com o novo personagem, e vale o destaque para a preocupação com a localização para o português do Brasil, com áudio e vozes totalmente no nosso idioma. As atuações, no entanto, são dispensáveis. Conforme o jogador explora a aventura, que infelizmente não está disponível para o multiplayer, novos veículos e itens de personalização são liberados. São grandes as opções para customizar o personagem nas corridas, mas infelizmente não passam de itens cosméticos, já que apenas os personagens influenciam estatísticas de aceleração, velocidade e curva.

Modo arcade inspirado

Talvez o maior brilho de Crash Team Racing Nitro-Fueled seja seu modo arcade. Nele, é possível competir com até quatro jogadores no mesmo console, ou oito online. O modo se divide em corridas livres (vale destacar que todas as pistas já estão disponíveis desde o início, sem precisar liberá-las no modo aventura), campeonatos, contagem de tempo e batalhas, que possuem um brilho à parte. Nas batalhas, o objetivo é usar os itens do jogo para usá-los contra os oponentes. Há o modo clássico — vence quem atingir mais corredores —, uma espécie de battle royale, no qual vence o último que sobrar na pista, entre outros. São muitos circuitos especiais reservados ao modo, que, apesar de ser muito divertido, limita-se à pouca quantidade de itens disponíveis no jogo (o que também acaba por afetar as corridas). Certamente será no modo arcade que os jogadores que gostarem de Crash Team Racing Nitro-Fueled passarão a maior parte do tempo que o desfrutarem.

Uns pontos fora da curva

Apesar de todo esmero dispensado em Crash Team Racing Nitro-Fueled, em alguns quesitos o jogo derrapa, e muito. A gama de itens disponíveis é pequena, e é comum que as corridas se deem quase totalmente com bombas boliche, mísseis ou turbos, mesmo quando o jogador está algumas posições atrás. Falta variedade, algo essencial no gênero. Outro ponto válido de destaque (negativo) é o sistema de controles. A disposição pensada pela Beenox é atrapalhada e difícil de se acostumar. Para se ter uma ideia, o botão X é usado para acelerar, enquanto o círculo, para soltar o item. Os botões de ombro superiores (R e L) são usados em conjunto para a realização de drifts, enquanto os inferiores (R2 e L2) mudam a câmera. Não há qualquer opção de mapeamento de botões, então o jeito é se acostumar com o esquema padrão e torcer para que uma atualização permita alterações. Por falar em atualizações, a Beenox está adicionando conteúdo ao game constantemente. No menu principal há uma opção para comprar itens estéticos, que são temporários e constantemente substituídos. Não precisa se preocupar, pois todos são vendidos por moedas virtuais, conseguidas ao jogar. Além disso, há desafios online que bonificam o jogador com novos personagens e veículos. Apesar das escorregadas, Crash Team Racing Nitro-Fueled é um ótimo jogo, que adiciona qualidade à biblioteca dos consoles da nova geração, principalmente PlayStation 4 e Xbox One. Donos de Nintendo Switch contam com Mario Kart 8 Deluxe, que é a melhor experiência no estilo, mas mesmo nele o título do marsupial traz variedade a quem quer algo que não seja a turma do encanador bigodudo da Big N.

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