História

No jogo somos apresentados ao jovem Otto, um típico protagonista de shonen: um garoto talentoso, perseverante e sonhador. Ele acaba de ser aceito em uma das principais escolas de queimada, Dodgeball Academia, e seu principal objetivo — óbvio — é se tornar o melhor jogador de queimada da escola e do mundo. Pelos olhos do protagonista somos apresentados a esse universo que é muito semelhante ao de My Hero Academia (que não assisti) e Yu-Gi-Oh! GX. Ou seja, aqui, as partidas de queimada são tão importantes quanto os duelos de baralho no universo de Yu-Gi-Oh. Conhecemos a Grande Guerra da Queimada e a lenda do herói que encerrou o conflito com um arremesso tão potente que a bola segue girando até os dias presentes em uma pedra. O poder desse arremesso, inclusive, gera energia para a academia e dá poderes aos alunos. Assim como todo bom shonen, Dodgeball Academia sabe o quão absurda e impraticável é sua premissa e não perde uma oportunidade extrapolar ainda mais tudo isso. Afinal, não podemos esperar limites num mundo em que TUDO é resolvido na base da queimada.

Brasil sil sil

Se estruturalmente o jogo bebe das bases de animes e RPGs de turno, sobretudo os clássicos Pokémons de Gameboy, Dodgeball Academia corria o risco de ficar sem personalidade própria. Mas é na escolha da queimada e na inserção de características tipicamente brasileiras que a equipe da Pocket Trap brilha. A tradução do jogo — sim, ele foi concebido em inglês — é um ponto a parte na experiência e vale muito a pena ser aproveitada. Ao se aproveitar do ambiente jovem e escolar, os diálogos conseguem ser bastante efetivos e nada forçados, mesmo nos momentos de “zoeira”. Ou seja, gírias e memes de internet como “tiozão” e “contatinho” estão presentes nas caixas de diálogo do jogo. E a brasilidade do jogo também está inserida em seu gamedesign, com destaque ao cardápio, composto por itens que recuperam vida, energia e evoluem atributos dos personagens. Muitos deles são iguarias tipicamente brasileiras, tipo “coxinha”, “pão de queijo” e “brigadeiro”.

Gameplay

Dodgeball Academia aproveita bem a falta de regras oficiais para a queimada e cria, a seu gosto, como funcionam as regras do esporte neste universo; porém, por ser um RPG também, existe um sistema de HP que é zerado quando o personagem é atacado pelas boladas e os poderes desses arremessos — que invocam de bolas de fogo a raios. Em suas “batalhas”, o sistema de RPG também se adapta ao universo da queimada. Ou seja, você também deve se desviar e agarrar os arremessos. Esse é um elemento que não existe nos RPGs tradicionais, o que pode tornar a gameplay mais agradável aos jogadores que não gostam do sistema de turnos, por exemplo. Para isso, um controle bem responsivo é essencial e a equipe do Pocket Trap consegue fazer dessa gameplay gostosa e ágil. As partidas, diferentemente de outros jogos de esportes, são curtas e conseguem se alinhar entre os elementos de habilidade no controle com estratégias, advindas dos RPGs. Outro fator a se considerar é a diferença dos personagens na gameplay. No jogo não há uma variedade tão grande de personagens jogáveis, porém, os que podemos controlar são bastante distintos um do outro. No decorrer do jogo conhecemos melhor o estilo de cada um, suas qualidades, movimentos e fraquezas. Cada um que controlamos (e quase todos que enfrentamos) têm mecânicas únicas, o que deixa tudo mais divertido e variado. Em um estilo de jogo tão único, divertido e casual, faltou um modo co-op para fazer dessa experiência melhor ainda.

Direção de arte

Muito competente em praticamente todos os aspectos, Dodgeball Academia também se destaca em sua direção de arte. Os personagens são todos feitos ao estilo cartoon em um 2D em SD (Super Deformed ou personagens cabeçudos) com muitas animações. Os cenários, no que lhe concerne, são modelos 3D, com um tom um pouco mais realista para o mundo fora das partidas — um ótimo contraste entre realidade e fantasia. Nas quadras, a animação em cartoon predomina com poderes incríveis e cores vibrantes.

Som

A trilha sonora também chama a atenção e tem algumas canções bem divertidas, sempre ajudando a elevar cada momento do jogo. Mas, como mencionado, o jogo é competente em todos os aspectos, o que deixa a trilha sonora abaixo ao todo. Entretanto, a mixagem de som, sobretudo durante as partidas, dá a sensação de estar sempre dentro de uma quadra, mesmo fora dela, como quando estamos no pátio do colégio ou em uma sala de aula, e por aí vai. Isso cria uma boa imersão.

Afinal, vale a pena jogar Dodgeball Academia?

Chega a ser ousado dizer tão cedo, mas Dodgeball Academia parece ser um jogo que será lembrado como um dos melhores jogos do — rico — cenário indie brasileiro. Seja para brincar e se distrair ou para dar tudo de si em partidas que tem o destino do mundo em suas mãos, com certeza Otto e seus amigos vão te impactar e te fazer pedir por uma continuação quanto antes. Com muita personalidade e carisma, o jogo entrega uma jornada esportiva recheada de personagens divertidos e humor nonsense, tudo isso com um tempero nacional, que concede um legítimo “gostinho brasileiro” à experiência. Se você puder, jogue! E aí, você curtiu o jogo? Ficou interessado por mais títulos brasileiros? Confira nossa lista com os 10 melhores jogos indie brasileiros.

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