Anunciado durante a E3 2017 pela Nintendo e pela Ubisoft em colaboração, o título deixou o público, no mínimo, apreensivo: ainda mais porque mexeria na franquia de Mario, o “bem maior” da Big N. No entanto, nos meses que se seguiram, novas informações sobre Mario + Rabbids foram mostrando o potencial do game, que finalmente foi lançado no fim de agosto. O ex-encanador Mario, já acostumado com suas próprias aventuras, corridas e batalhas, nunca havia entrado em confronto num jogo de estratégia, muito menos com personagens tão atrapalhados – e muitas vezes maldosos – quanto os Rabbids. A Ubisoft disponibilizou uma cópia do jogo para o Showmetech e, por quase um mês, estivemos jogando Mario + Rabbids Kingdom Battle. Confesso que a experiência não poderia ser melhor.
Spawny, o destruidor
A história começa com um cientista que havia criado um aparelho chamado “SupaMerge”, que consegue combinar duas coisas em algo totalmente novo. O problema é que este jovem fã da Nintendo, ao sair do quarto, acaba deixando o seu novo brinquedo a mercê dos coelhos mais sem noção do mundo. O resto da história é: Spawny, um dos Rabbids, acaba misturando o mundo de Mario com o deles e o que temos é um Mushroom Kingdom completamente às avessas. Os Rabbids tomam conta dos diversos reinos e os viram de cabeça para baixo. Não há Gomba e Koopa Troopa que segurem os monstrinhos. Com isso, Mario e seus companheiros Rabbids, Peach Rabbid e Luigi Rabbid, precisam sair em uma aventura para achar Spawny, o Rabbid-medroso, que está transformando personagens perigosos de Mario – e outros novos – em criaturas poderosas e destrutivas. Tudo fica pior quando Bowser Jr. coloca as mãos em Spawny e o obriga a fazer personagens para batalhar contra Mario e sua nova trupe. Com diversos mundos e várias fases dentro de cada mundo, o jogador vai descobrindo e se apaixonando cada vez mais por Mario + Rabbids Kingdom Battle – junto das armas, bombas e artimanhas únicas.
Déjà vu constante
Por se tratar de um jogo do Mario, o que mais pega no coração dos fãs é a possibilidade de revisitar lugares. O mundo 1, como todo bom mundo, é gramado e na sua maior parte parece uma versão repaginada do qualquer começo de Super Mario. O segundo mundo, um deserto, que logo depois é tomado por gelo, me lembrou Paper Mario, ainda mais porque a continuação, o terceiro mundo, é focado nos Boos e nas mansões assombradas, que também podem remeter à Luigi’s Mansion. Durante a sua trajetória no jogo, você encontrará uma princesa Peach com presença forte e com a capacidade de destruir inimigos, assim como um Luigi amedrontado, mas decidido a ajudar Mario. O melhor, é claro, vão para os seus pares-Rabbids, com destaque para a Peach Rabbid, que mostra o lado fútil da princesa. Ela está sempre tirando selfies, fica nervosa quando perde algo e o mais engraçado: toda vez que você dá Game Over com ela, a Peach Rabbid sai de cena e joga a fantasia de Peach nos personagens. É hilário. E é esse adjetivo que define o jogo: ele é muito engraçado. Além de escrachar os personagens mais queridos da Big N, Rabbids é uma sátira à franquia. São os diálogos bobos, as ações dos coelhos e os chefões que tornam o jogo único. Para dar um gostinho, gostaria de mostrar o trailer do terceiro chefe antes da luta, que é um cantor de ópera fantasma:
Beep-0, o condutor
Durante um evento que participei do Samsung Ocean, tive a oportunidade de ouvir, da própria Ubisoft, algumas palavras sobre Realidade Virtual e como é preciso pensar numa mecânica interessante na hora de fazer os personagens se moverem. No caso de Mario + Rabbids, a maior parte do tempo quem te conduz entre as fases é o Beep-0, um robozinho que usa inteligência artificial e é trazido para esse novo mundo. Com o importante papel de guiar a trupe do Mario e aprender novas funções, principalmente para organizar o time dentre os diversos mundos, o robô acaba sendo um tanto frustrante também, pois limita a movimentação dos personagens antes deles entrarem numa batalha. Para contextualizar, o Beep-0 ou “Beepo”, era a inteligência artificial do cientista que deixou o quarto no começo da história.
A situação fica um pouco pior quando precisamos mover algum bloco (seja de madeira ou de gelo) e o Beep-0 acaba mais atrapalhando do que ajudando, devido ao pouco espaço ou o curto tempo para desenvolver uma ação. Por vezes tive que refazer alguma fase especial, porque ele atrapalhava na movimentação dos personagens.
Vamos à batalha
O bom é que durante as batalhas o Beepo desaparece. Em Mario + Rabbids Kingdom Battle, o interessante é montar uma estratégia para bater nos adversários. Com diversos tipos deles, é preciso tomar cuidado antes de fazer o “movimento final”, que é atirar nos vilões. Cada personagem tem uma habilidade única. O Mario, por exemplo, é bom para dar mais força para os seus aliados e também atirar quando algum adversário se move. Com tiros que imobilizam ou que empurram o personagem para longe, essas são estratégias valiosas e que o jogador vai aprendendo ao longo da história. A Peach Rabbid, por outro lado, protege-se e também recupera a vida dos aliados próximos. Com cada uma das diferentes habilidades, ainda é possível deslizar pelos adversários, pular na cabeça deles, fazer saltos em equipe e escolher a melhor habilidade das armas contra os inimigos.
Mesmo parecendo muita informação, Mario + Rabbids te ensina, mesmo que aos poucos, como usar todas as suas funções e como tirar o melhor proveito de cada situação. O bacana do jogo é que as fases vão ficando cada vez mais difíceis com o tempo, ou seja, quanto mais você joga, mais importante é pensar na estratégia certa para vencer a partida. Os bônus, por exemplo, só são dados caso você termine a fase com todos os personagens vivos ou sem extrapolar o máximo de rodadas. É realmente desafiador. Há também um modo fácil que aumenta em 50% a sua vida, mas por qual motivo você facilitaria o jogo, não é mesmo? Particularmente, a minha equipe favorita inclui o Mario (não é possível tirá-lo do time), a Peach e a Rabbid Peach. Mesmo assim, é importante melhorar as armas dos outros personagens, pois dependendo do estilo do mapa e dos vilões que você encontra, algumas formações podem ser mais úteis do que outras.
Outro ponto positivo é que após terminar um mundo, você pode voltar nele para deixar cada fase com o ranking “Perfeito”, além de poder participar de novos desafios – muito mais complicados – no lugar das fases originais.
Tesouros para complementar a jornada
Além das batalhas, poder refazê-las e tentar alguns outros desafios, o jogador também pode ir atrás de baús escondidos pelos mundos. O desafiador é que, mesmo com alguns deles sendo bem óbvios, é possível você ainda não tenha a habilidade necessária para chegar até eles. Em alguns casos é preciso mover blocos, quebrá-los ou até levar estátuas de um lado para o outro, mais um motivo para você refazer os mundos depois de um tempo ou após o fim do jogo. Mario + Rabbids Kingdom Battle também tem um modo de dois jogadores, com fases a parte, para você e mais um amigo montarem estratégias em conjunto. Ou seja, se jogar sozinho já é bem bacana, em dupla, a diversão é maior ainda.
Preço, considerações finais e DLC
O jogo custa US$ 60 dólares, mais um motivo para enquadrá-lo na lista de games AAA para o Nintendo Switch. E para quem realmente gostar dele, ainda é possível ter um “a mais”, como em Legend of Zelda: Breath of the Wild, pois Mario + Rabbids conta com um Season Pass de 20 dólares para dar acesso a um conteúdo adicional. Com ele, três novidades serão disponibilizadas para o jogo até 2018: logo ao comprar, novas armas exclusivas para você explodir os vilões são adicionadas ao seu inventário, depois, no outono norte-americano, a nossa primavera, novas fases para o jogador-solo e um novo modo cooperativo serão liberados e, por fim, uma nova história estará disponível em 2018 – provavelmente algo a ver com o Bowser, que está de férias na história principal. Mario + Rabbids Kingdom Battle é uma surpresa mais do que agradável. O jogo é envolvente, engraçado e é possível jogá-lo on the goe (sem uma conexão com a internet), diferente de Splatoon 2 e seus diversos modos online. Apesar do preço um tanto quanto salgado, é possível encontrá-lo em mídia física na Lojas Americanas por R$ 300. A história vale muito a pena e assim que terminá-lo, pretendo comprar a DLC para ter ainda mais novidades para aproveitar o jogo. De fato, a Nintendo acertou com a parceria e a Ubisoft fez um excelente trabalho.