O filme é uma verdadeira jornada musical e mostra a todos os passos do cantor desde sua infância como o tímido Reginald Dwight, sua parceria de longa data com Bernie Taupin, até sua icônica performance no clube Troubador em Los Angeles. A sua sexualidade tampouco é evitada ao retratar seu relacionamento com John Reid, seu primeiro amor e empresário. Não é evitado também seu vício em cocaína, sua tendência a festas glamurosas e também a vontade de se reerguer quando atingiu o fundo do poço. Há espaço para redenção também, e perdão. Existe sim uma verdadeira deferência à Elton John ao longo de todos os 121 minutos de duração do longa, afinal, conta com a produção executiva do mesmo na produção. Mas há algo grandioso nas escolhas de Elton para o filme: ele permitiu-se ser vulnerável. E por trás de toda a parafernália visual e músicas que marcaram época, existia uma pessoa cuja história valia a pena ser compartilhada.
Rocketman vs Bohemian Rhpasody: comparações inevitáveis
Desde o lançamento do primeiro trailer, Rocketman está fadado a comparações com outra cinebiografia: Bohemian Rhapsody. O filme sobre Freddie Mercury e sua trajetória com o Queen foi um verdadeiro estrondo comercial e da crítica, levando milhares de pessoas aos cinemas para revisitarem a coletânea de seu protagonista, assim como rendeu ao ator Rami Malek o status de queridinho de Hollywood, com um Oscar de Melhor Ator no final da temporada de premiações. Rocketman herda a difícil tarefa de tentar se sobressair à sombra de seu antecessor, ainda mais pelo fato de que ambos dividem o mesmo diretor. O projeto de cinebiografia surgiu da mente de Dexter Fletcher, mas devido a conflitos criativos, foi substituído por Bryan Singer. Dexter assumiu o manto novamente após a expulsão do outro, depois de uma série de acusações de assédio sexual, apenas para finalizar o projeto. Tanto que não é creditado como diretor na obra. Em Rocketman ele dá vazão a toda a sua frustração criativa, e todo a sua visionária ambição ganha força e vida em tela. Se há algo que Rocketman triunfa em relação a seu antecessor é sua capacidade de aceitar de que Taron Egerton não é Elton John, e, mesmo assim, canta, dança, toca e emociona no filme. Sua performance foi ovacionada em Cannes e pode ser o pontapé inicial para uma caminhada ao Oscar aos moldes de Malek. Mas, se há alguma grande coincidência no filme, esta se chama John Reid. Isso porque o personagem aparece tanto no filme do Queen quanto em Rocketman. Reid fora empresário de ambos os artistas, e é interpretado por dois atores diretos de Game of Thrones: Aidan Gillen, o Littlefinger, estrela em Bohemian Rhapsody, enquanto Richard Madden, o Robb Stark, vive o empresário em sua versão mais nova na cinebiografia musical de Elton. O que é válido lembrar é que, além das comparações, Mercury foi amigo de Elton John até a sua morte por Aids na década de 90. O cantor, inclusive, foi o último artista que Queen colaborou com sua formação original em um tributo ao seu vocalista. A música The Show Must Go On, foi a última música gravada por Mercury. Depois disso, o baixista, John Deacon, aposentou-se dos palcos, alegando ser difícil continuar sem Freddie. Queen continua se apresentando com Brian May e Roger Taylor ao lado de Adam Lambert nos vocais.
Atuações imperdíveis
Quando foi anunciado que Taron Egerton foi escolhido para viver Elton John, a decisão pareceu natural e orgânica; para outros, até óbvia. Mais conhecido por seu papel na franquia de ação The Kingsman, a unanimidade veio com a performance de Egerton de I’m Still Standing na animação Sing, que viralizou e chegou ao conhecimento do próprio Sir Elton. Como gentileza, o cantor participou no segundo filme da franquia Kingsman. A partir daí, já era impossível falar Taron sem desvinculá-lo a Elton. A confirmação do ator como protagonista de Rocketman veio como um verdadeiro presente aos fãs de ambos. O que o ator galês entrega, porém, vai muito além das expectativas. Mesmo sem ter a voz de Elton, Taron não hesita em entregar performances verdadeiramente emocionais de clássicos como Tiny Dancer e Goodbye Yellow Brick Road. E a unanimidade veio mais uma vez: o que Taron Egerton faz em Rocketman é gasolina suficiente para alçar seu nome aos status de estrela e, de quebra, abocanhar algumas indicações na temporada de premiações no ano que vem. Outro que não faz feio e que também vai contemplar sua cota de celebração nas premiações ano que vem é Jamie Bell, que vive Bernie Taupin, parceiro musical de Elton John. Outra escolha perfeitamente natural, Bell ganhou notoriedade quando estrelou, ainda criança, o musical Billy Elliot, nos fazendo divagar como ele se sairia se tivesse sido escalado como protagonista. O nome que fecha nosso trio estrelado fica por conta de Richard Madden, que tem brilhado sua carreira pós-Game of Thrones. O antigo Rei do Norte já vinha chamando atenção com sua participação no live action de Cinderella e premiado na série The Bodyguard. Em The Rocketman, parece natural que ele também concorra a algumas premiações, disputando vaga de coadjuvante com Jamie Bell. Rocketman chega como o pontapé inicial para um ano propício para todos os envolvidos, mas especialmente seu homenageado. O filme teve sua estreia no festival de Cannes, justo em tempo do live action de Rei Leão, outro filme que vai celebrar a música de Elton John, desta vez nas vozes de Donald Glover, o Childish Gambino, e Beyoncé. Mas mais do que isso, é uma oportunidade para toda uma nova geração conheça sua discografia e, quem sabe, curtir pela última vez Rocketman ao vivo em toda sua grandeza. Sir Elton John anunciou sua aposentadoria com uma bateria de shows em uma turnê que pode passar pelo Brasil chamada Farewell Yellow Brick Road. Rocketman estreia no dia 30 de maio.